Golpe da portabilidade de salário

Imagine a seguinte situação: 5º dia útil, você está aguardando seu salário cair na conta, passam horas e nada! Todos os outros colaboradores recebem e você não. Há algo de errado! Ao verificar com o RH, você descobre que o valor foi depositado e, sem a sua autorização, foi transferido automaticamente para uma conta na qual você sequer tinha conhecimento. E é aí que a ficha cai: você foi vítima do golpe da portabilidade salarial.

Cair nesse golpe pode gerar um prejuízo dos grandes, pois além de ficar sem o salário, a vítima pode ter seus dados comprometidos. Por isso, é fundamental entender como esse golpe funciona e as melhores práticas para se proteger!

O que é portabilidade de salário?

Para compreender como o golpe funciona, é importante primeiro entender o que é a portabilidade salarial. Trata-se do direito que o trabalhador tem de escolher em qual banco deseja receber seu salário, independentemente da instituição determinada pelo empregador. 

Assim, mesmo que o salário seja depositado na conta original definida pela empresa, o valor é automaticamente transferido para a conta de destino escolhida pelo empregado, sem custo adicional e de forma automática.

O que é o golpe da portabilidade de salário?

Agora que você já sabe o que é a portabilidade de salário, vamos entender o golpe: 

No golpe da portabilidade de salário, o criminoso rouba os dados pessoais da vítima, normalmente por meio de phishing ou vazamento de dados e utiliza essas informações para abrir uma conta em seu nome em outro banco e solicitar a portabilidade do salário. 

Assim, quando a empresa realiza o pagamento do salário ao trabalhador, o valor é automaticamente redirecionado para essa nova conta — que está sob controle do golpista.

Como funciona o golpe na prática?

O golpe da portabilidade salarial normalmente é resultado de um outro golpe: o phishing, em que criminosos enviam e-mails, mensagens de WhatsApp ou SMS com um link e, quando a vítima clica, seus dados pessoais são roubados.

Com os dados da vítima em mãos, os criminosos conseguem abrir uma conta bancária em outro banco, sem que ela desconfie. Então, eles solicitam a portabilidade de salário para a nova conta. Veja como funciona na prática: 

1. Coleta de dados pessoais: o golpista obtém informações como CPF, nome completo, endereço e dados bancários da vítima — muitas vezes por vazamentos, phishing ou engenharia social;
2. Abertura de conta falsa: com os dados em mãos, o criminoso abre uma conta digital ou em nome da vítima;
3. Solicitação de portabilidade: o golpista solicita a portabilidade salarial dessa conta falsa, redirecionando o salário para ela;
4. Recebimento e saque: o valor é transferido automaticamente quando o salário é depositado, e o criminoso realiza o saque ou a transferência para outras contas.

Como me proteger do golpe da portabilidade de salário?

Para evitar cair no golpe da portabilidade salarial, é essencial adotar algumas práticas de segurança, tanto na navegação na internet quanto com o compartilhamento de dados pessoais:

Acompanhe o Registrato do Banco Central

O Registrato é uma ferramenta do Banco Central que permite que o cidadão brasileiro consulte todas as contas bancárias e operações de crédito vinculadas ao seu CPF. 

Realizar a consulta ao Registrato regularmente ajuda a identificar contas bancárias que possam ter sido abertas sem seu conhecimento. Assim, caso observe alguma movimentação suspeita, é possível agir rapidamente.

Evite clicar em links desconhecidos ou suspeitos

Muitas tentativas de phishing são bem elaboradas, simulando e-mails e mensagens legítimas. Para se proteger, sempre verifique a origem da mensagem e evite clicar em links sem saber exatamente a procedência. 

Caso tenha dúvidas, entre em contato com a instituição que supostamente enviou a comunicação para confirmar a veracidade da mensagem.

Use autenticação em duas etapas nas suas contas bancárias

A autenticação em duas etapas é uma camada extra de segurança oferecida por muitas contas bancárias. Ativar esse recurso assegura que, mesmo que um criminoso consiga seus dados, ele precisará de uma segunda forma de confirmação para acessar sua conta, o que dificulta o golpe.

Desconfie de contatos que solicitem dados pessoais

Criminosos frequentemente ligam, enviam mensagens ou até se passam por funcionários de bancos e empresas para coletar informações sensíveis. Nunca forneça dados pessoais em ligações ou mensagens sem ter certeza da legitimidade do contato. Em caso de dúvida, encerre a comunicação e entre em contato diretamente com a empresa.

Caí no golpe, e agora? 

Caso perceba que foi vítima do golpe da portabilidade salarial, é fundamental agir rapidamente para minimizar os prejuízos. Veja o que fazer: 

Reúna evidências do golpe

Guarde capturas de tela, extratos da conta, links, prints de e-mail e qualquer outra evidência de que você foi vítima do golpe da portabilidade de salário.

Faça um boletim de ocorrência

Formalizar a situação com um boletim de ocorrência é essencial para que as autoridades possam investigar o caso e, eventualmente, punir os responsáveis. Esse documento também é importante para se proteger legalmente caso o golpe resulte em problemas financeiros no futuro.

Notifique o banco imediatamente

Entre em contato com a instituição bancária onde a conta fraudulenta foi aberta e explique a situação. Peça que bloqueiem a conta suspeita.

A recuperação do valor perdido pode ser um processo complicado, que exige tempo e uma série de medidas legais. Primeiro, a vítima precisa notificar o banco e comprovar que a conta para a qual o salário foi transferido não foi aberta por ela. Para isso, você pode apresentar ao banco as evidências coletadas e o boletim de ocorrência. 

Comunique o RH da sua empresa

Informe o setor de recursos humanos sobre o ocorrido e solicite que reavaliem o sistema de portabilidade. Isso pode ajudar a garantir que o erro não se repita nos próximos pagamentos.

Revise a segurança de seus dispositivos: 

Atualize as senhas de todas as suas contas, especialmente as financeiras, e verifique se há aplicativos ou programas suspeitos instalados em seus dispositivos.

Perguntas frequentes